19 agosto 2009

Parar é morrer

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.


Luís Vaz de Camões


6 comentários:

Alberto Caeiro disse...

Pass da a ite, m mir, endo, em aço, a gura la
(...)

Florbela Espanca disse...

S u vies er-e je à inha,
(...)

SaL disse...

???
O meu blog está, evidentemente, assombrado...

:P

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=Bm6SnfvN1k4
William S

SaL disse...

Não conhecia o texto completo!
Adorei... é mesmo assim!

É impressionante como alguns génios da nossa História (mundial)tenham pensado na vida de forma tão natural e bem mais moderna do que muita gente pensa actualmente!
Há mais de 500 anos, Shakespeare já descrevia pequenos segredos da arte viver de forma (tão) clara e tão actual!

Muito obrigada por esta partilha.

=)

A Paraíso disse...

Lá está a rapariga cheia de bom gosto! Um dos "meus" poemas de Camões! E um excelente ponto de vista sobre a nossa actual crise ;)