28 julho 2009

Castanho escuro, quase preto!

Tinha dito que um dia escreveria sobre a minha primeira ida ao cinema...

(não tenho a certeza se foi mesmo a primeira... acho que a primeira foi quando fui com os meus pais ver o Roger Rabbit... mas como dessa vez dormi, acho que não conta, lol!)

Para mim, a primeira vez foi esta, em que fui com a Tia K e o Tio M ver "O Urso".


Foi mesmo muito especial e tenho muitas imagens soltas desse momento gravadas na memória: fiquei sentada entre os dois e iam-me explicando algumas coisas... lembro-me do momento triste em que o urso é morto por um homem com uma espingarda, e que a cria fica sozinha... lembro-me do constante cenário verde das florestas...
Enfim, lembro-me o suficiente para ter reconhecido o dito filme há poucos anos na tv e ter automaticamente sentido aquele aperto no coração e a lágrima descontrolada...

É um misto de revolta com boas recordações.
Grizzly bears e a expressão "castanho escuro, quase preto" fazem-me lembrar M, namorado da minha Tia na altura, sempre bem-disposto e com muita paciência para mim (que era criança pequena). Fazia-me rir.

Partiu anos mais tarde, deixou uma bebé de colo. E acho que aí senti mesmo o que era injustiça. Tinha pouco mais de dez anos e não achei justo que pessoas "boas", novas, com vidas pela frente tivessem destinos assim. Senti-me mal, não o via há muito tempo porque já não era namorado da minha Tia, mas costumava ter notícias dele.

Costumava perguntar-me, assim que entrava em casa da minha Avó, enquanto fingia que coçava as costas como os ursos fazem:

- O que é que eu sou?
- Um urso!!!

- De que cor é o meu pêlo?
- Castanho escuro, quase preto!!!

Tínha decorado as respostas, claro, e durante anos foi assim. Respondia com entusiasmo e fartava-me de rir com as caretas quando ele se encostava à ombreira da porta ou a uma parede a imitar isto:




É assim que o vou recordar sempre, o meu Tio M.
=)


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