29 maio 2011

Saudades




"Saudades: presença dos ausentes."
Olavo Bilac

Gostei desta citação assim que a vi. Mas há uns dias - quando a encontrei perdida entre outros papéis na minha confusão, escrita com a minha própria letra - achei que devia ser ao contrário (e que me perdoe Olavo Bilac, lá em cima ou onde estiver!)... Saudades: ausência dos presentes. Porque temos saudade do que está presente na nossa memória.

Tenho imensas saudades de muita coisa - não querendo isso dizer que quero de alguma forma voltar atrás no tempo. Não quero. Mas "enche-me o coração" recordar bons momentos e pessoas queridas.

E vocês, têm saudades? Do que têm saudades?

2 comentários:

Anónimo disse...

Ela mora dentro de cada um de nós. Nos olhos marejados de lágrimas de mães. Na face lívida das donzelas sonhadoras. Nas palpitações nervosas dos jovens. Nas tardes que morrem numa agonia de luz. Somente Deus e a criança não sentem saudade. Tem o misticismo de um ritual sagrado. Tem a doçura encantadora das harmonias musicais. Tem a eloquência altissonante da poesia. Tem o timbre dos sinos que plangem ao entardecer. É espiritual como o perfume das flores. Inocente como as crianças. Ingénua como as meninas. Sonhadora como as donzelas. Experiente como os adultos. Triste como os velhos. Da saudade falaram os poetas. Cantaram-na os músicos. Com ela os namorados enfeitam de ternura e de encanto os seus dias e de literatura as suas cartas. Saudade é a presença do que está ausente. É a ressurreição do que está morto. É a única coisa que fica daquilo que não ficou. É o perfume do Amor que se evaporou. As letras que formam a palavra SAUDADE - são sete notas musicais. Escala diatónica que faz vibrar no teclado do coração as mais doces e tristes canções. Todas as emoções da alma, todas as vibrações do coração, todos os encantos do sentimento, todos os idílios da imaginação se condensam e se manifestam na saudade, que é sofrimento que alegra. Nada crucifica tanto a alma do homem como a saudade. Nada mitiga tanto as duas dores como a saudade. É sofrimento e é alívio. É dor e é riso. É noite e é dia.

P. António Vieira
(adaptado)

=)

SaL disse...

Adorei. =)
Não conhecia.

Muito obrigada por partilhá-lo aqui.